A Arte de conduzir o Povo

Todos os dias acordo cedo, entro em meu carro que me levará até o escritório. Durante o dia inteiro, meu carro ficará me esperando. Este é o destino dele enquanto estiver comigo: servir o dono.

Um carro é um objeto. Não tem opção de escolha. É apenas conduzido…

A exemplo do que ocorre com objetos, conduzir pessoas é mais comum do que muitos imaginam: quando a televisão noticia um fato e apresenta um “especialista” para comentar, é como se chamasse o povo de “ignorante”, incapaz de entender uma notícia por si só.

Aproveitando a “deixa”, o tal “especialista” forma opinião, cria modas, determina costumes, tampa os olhos do povo para a realidade, e uma mentira dita muitas vezes passa a ser vista como verdade.

É por tal razão que Platão, grande filósofo grego, foi contra a democracia que nasceu em seu povo. Para ele, somente o homem capaz de conduzir a si mesmo é, também, digno de participar das decisões e de governar em favor do povo. É menos provável que um homem iluminado pela razão – e esclarecido na lógica ideal do bem comum – vá governar pensando em se beneficiar pessoalmente.

Imagine se o seu filho estivesse à beira da morte, você escolheria o médico pela simpatia? Pelo sorriso dele? Ou pelo conhecimento e capacidade de alcançar a cura?

E se o único médico capaz de salvá-lo fosse uma pessoa extremamente antipática e arrogante? Você se atreveria a não pedir que ele cuidasse do seu filho? Não, claro que não, pois neste caso, a simpatia e o sorriso dele pouco importam. O importante é a capacidade e a competência dele.

No entanto, meus caros, a vida de nosso país – que influencia a vida de todos – é jogada nos braços sujos de quem lhe der o melhor sorriso, de quem lhe parecer mais simpático, de quem discursar mais bonito.

Alguém votou num político assim? Espero que não… (mas, sei que sim…). Cada cidade tem a política que escolheu, portanto, merece.

Abrace tua escolha, chore teu fracasso e, agora, mude o teu futuro, pois se cada um de nós assim fizer, estará fazendo por si e por todos.

(Escrito em Curitiba – 13.12.2007, mais atual do que nunca)